sábado, 6 de março de 2010
As Brumas e a Boca do Rio
Mais do que diz a música de Caetano, a Baía de Guanabara pareceu a Lévi-Strauss uma boca desdentada: o Pão de Açúcar e o Corcovado cacos de dentes espalhados por seus cantos.
Atravessar um oceano e passar por uma ensolarada Fernando de Noronha, chegar ao Rio de barco, num mês de brumas, tem lá o seu efeito. Se redimiu escrevendo "o Rio é mordido por sua Baía até o coração".
Mas o Rio, ou melhor, a beleza do Rio, pode até ser boca – jamais, porém, banguela. Seus dentes mastigam a gente e cospem outra pessoa: mais em paz, mais simples, mais livre. Um mais que é menos.
O Rio é uma fêmea voraz, com a boca faminta de metamorfoses.
O jeito bom de ver o Rio, segundo Lévi-Strauss.
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